terça-feira, 29 de maio de 2012

Grande ABC elimina 25 toneladas de gordura desde o ano 2000.




25/10/2009 - Diario do Grande ABC
Mais de 25 toneladas de gordura já foram eliminadas com a ajuda de cirurgias de redução de estômago realizadas no Grande ABC. Segundo a FM ABC (Faculdade de Medicina do ABC), que faz esse tipo de procedimento desde 2000, 640 pacientes já foram submetidos às cirurgias bariátricas, indicadas para pacientes com obesidade mórbida. Segundo especialistas ouvidos pelo Diário, é possível considerar que cada paciente perca, em média, 40 quilos no prazo de um ano e meio após o procedimento, apesar de esse dado variar muito de pessoa para pessoa.

Atualmente são realizadas, em média, de quatro a cinco operações ao mês. Este ano ocorreram 38. "Existe uma série de procedimentos para a operação, como a exigência de haver um leito de UTI disponível, caso seja necessário", explica Edmundo Anderi Júnior, chefe do Serviço de Cirurgia Bariátrica da FMABC.

Os interessados em realizar a cirurgia podem se inscrever por telefone (4993-5400) ou pessoalmente (Av. Lauro Gomes, 2000, Vila Sacadura Cabral). A fila de espera para a cirurgia é de 280 pacientes. Desses, 17 já realizaram os exames pré-operatórios e aguardam serem chamados.
SAÚDE E VAIDADE - Silvana Loddi, enfermeira obstetriz do Hospital da Mulher de Santo André, se submeteu a cirurgia conhecida como gastroplastia (de estômago) redutora de Fobi-Capella em maio de 2008. Na ocasião, pesava 124 quilos e seu IMC (Índice de Massa Corpórea) era de 46. 

Desde adolescente apresentava sobrepeso. Entre os 20 e os 28 anos tentou diversos tipos de dietas e fórmulas.

"Era um efeito sanfona. Engordava e emagrecia. Fiquei hipertensa e não praticava exercícios por conta da rotina de faculdade e trabalho", conta a enfermeira, que trocou os remédios de hipertensão pelas vitaminas necessárias para as pessoas que se submetem a esse tipo de operação.

Hoje, com 67 quilos, Silvana já fez cirurgia plástica para corrigir abdômen e coxa e implante de silicone nos seios. "Já era vaidosa e fiquei ainda mais depois da operação."

Quando questionada sobre a autoestima, afirma que nunca precisou de acompanhamento psicológico por ser bem resolvida. "Minha maior preocupação era com a saúde, depois a estética. O maior preconceito é aquele que você impõe a si mesma", avaliou.

São Caetano: ausência de fila de espera
A cidade de São Caetano possui um serviço independente, gratuito, para os moradores. Os interessados precisam passar pelo atendimento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

Caso haja indicação para cirurgia de redução de estômago, o paciente é encaminhado ao Hospital Municipal Maria Braido. A indicação vai depender do IMC, do histórico e do estado de saúde do obeso.

Segundo a Secretaria de Saúde, de cinco a seis pacientes são operados, por mês. Não há fila de espera.
Em Diadema os pacientes também são encaminhados, via UBS, para o Hospital Estadual de Diadema.

Brasil é o 2º em obesos e cirurgias
O Brasil é o segundo no mundo em obesidade. O dado é da OMS (Organização Mundial da Saúde). Além disso, o País também já é o segundo em número de cirurgias para controle da doença, de acordo com a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica). Os Estados Unidos lideram os dois rankings.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicam que 40% dos adultos estão acima do peso ideal. Estimativas da OMS revelam que 27 milhões de brasileiros têm excesso de peso. Destes, 6,8 milhões são tidos como obesos.

Uma pesquisa de 2008 da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) constatou que 15,6% de 260 alunos (entre 10 e 19 anos) de uma escola pública estavam acima do peso ideal e 11,7% eram obesos. Nos EUA, 17% dos adolescentes estão nesta situação.

"Cerca de 3 milhões são obesos mórbidos no Brasil", disse o cirurgião Ronaldo Oliveira Barbosa, de uma clínica em Santo André. "Para passar por cirurgia é preciso que o paciente tenha IMC (Índice de Massa Corpórea) igual ou maior a 35, histórico de dietas, além de problemas cardíacos, diabetes, câncer e apneia do sono". É preciso ainda uma avaliação das condições físicas e psicológicas para operação. O cirurgião lembra que a obesidade é fruto do descontrole alimentar e da falta de atividades físicas.

TÉCNICAS CIRÚRGICAS - Existem várias técnicas de cirurgias para redução de estômago. O CFM (Conselho Federal de Medicina) reconhece as restritivas (limitam a ingestão de alimento sólido, dando sensação de saciedade) com o balão intragástrico (anel no estômago por até seis meses), ou as disabsortivas (encurtam o caminho dos alimentos, a partir de um desvio, reduzindo a absorção dos nutrientes). A mais consagrada (80% das cirurgias) é a de Fobi-Capella, onde há restrição à ingestão a partir da redução do estômago e também da disabsorção. A cirurgia pode ser convencional (aberta) ou videocirurgia.

Uma nova técnica, a gastrectomia vertical com anel (GVA), que reduz o tamanho do estômago sem alterar a absorção, realizada há cinco anos no mundo e há um no País, foi comparada à Fobi-Capella. 

O estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) constatou que a GVA absorve as vitaminas, o que pode descartar uso de complexos vitamínicos.

"Estamos aprimorando a técnica, por isso ainda não a praticamos", adiantou João Luiz Moreira de Azevedo, cirurgião e professor da Unifesp que coordena pesquisa desenvolvida pelo cirurgião Gustavo Peixoto Miguel, da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).

Operação implica mudança radical de comportamento
Entre as avaliações obrigatórias do período pré-operatório está a psicológica. Isso porque a cirurgia é apenas o primeiro passo do processo, que resulta numa mudança radical de padrão de comportamento. O indivíduo precisa reduzir drasticamente as porções, comer mais vezes ao dia e nos primeiros dois meses só pode ingerir líquidos e pastosos.

"A compulsão afeta diretamente no peso. Somente o acompanhamento psicológico ajuda a superar as questões internas que levam à compulsividade", avaliou Adélia Maria Panzarin, especialista em compulsão há oito anos. Ela revela, ainda, que é importante uma grande preparação antes da operação. Mas, nem sempre é possível por conta dos convênios. "Estabeleci um mínimo de quatro sessões para poder avaliar o paciente", explicou Panzarin, que lembrou das complicações do pós-operatório, como a transferência dos hábitos compulsivos (para álcool e tóxicos).

"Fiz terapia quase dois anos. Fiquei depressiva, muito discriminada no trabalho pelos colegas, que me chamavam de folgada por causa das minhas limitações físicas", desabafou a bancária Alessandra Matias, 54, aposentada por invalidez.

Quando se submeteu à cirurgia de Fobi-Capella, em 2004, pesava 103 quilos, com 1,67 de altura. Atualmente, com 71 quilos, está curada de uma hérnia de disco, não sente mais as lesões nos joelhos e não precisa mais da terapia: "Hoje tenho uma nova vida".

Técnica usada pelo apresentador Fausto Silva não segue normas
O apresentador Fausto Silva, o Faustão, submeteu-se recentemente a uma técnica de redução de estômago que ainda não está regulamentada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e não é reconhecida pela SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), apesar de existir há cerca de seis anos. "Não há comprovação científica dos resultados já que é feita por um único médico. Não segue as normas do CFM", disse Thomaz Szegö, presidente da SBCBM. Segundo a entidade, o índice de mortalidade nas cirurgias regulamentadas é inferior a 3%.

Desenvolvida pelo cirurgião goiano Áureo Ludovico de Paula, a gastrectomia vertical com interposição de íleo tem como objetivo curar o diabetes tipo 2 (causada pela falta de insulina no organismo), além de causar redução de peso. O que a difere das demais é a inversão da posição do íleo (fim do intestino delgado), que ao entrar em contato com o alimento gera o hormônio que estimula a produção de insulina. Procurado pelo Diário, o médico não retornou às ligações da reportagem.

A produtora Leonor Correa, irmã do apresentador, submeteu-se à Fobi-Capella em fevereiro de 2003, aos 40 anos. "Já perdi 50 quilos e troquei o manequim 60 pelo 42. Me sinto mil vezes melhor", disse a atual produtora do programa da Eliana, do SBT. Ela contou que o apoio da família foi importante no processo e que abriu mão dos doces para ajudar a manter o peso.

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