Nutrição
e Cirurgia Bariátrica
Após a cirurgia
bariátrica, que tem como objetivo principal a melhora da qualidade de vida
através da perda de peso, a nutrição tem um papel importante porque a
quantidade e o tipo de alimentos a serem consumidos devem ser limitados.
O objetivo do
acompanhamento nutricional é buscar o bem estar físico e emocional, através da
seleção dos alimentos que contenham os nutrientes mais saudáveis e que estejam
adequados às necessidades de cada indivíduo para que a rápida perda de peso não
leve à desnutrição.
De maneira geral, a
principal mudança na alimentação após a cirurgia é uma diminuição importante na
quantidade de alimentos consumidos diariamente devido a redução do estômago.
Porém, outros cuidados com a alimentação são fundamentais. Pode-se dividir o
cuidado com a alimentação em
cinco fases após a cirurgia:
1º fase – fase
da alimentação líquida: esta fase compreende as duas primeiras semanas após
a cirurgia e caracteriza-se com uma fase de adaptação. A alimentação é liquida
e constituída de pequenos volumes (em torno de 50 mL por refeição) e tem como
principal objetivo o repouso gástrico, a adaptação aos pequenos volumes e a
hidratação. Como conseqüência da alimentação liquida, a perda de peso é
bastante grande nestas duas semanas, devendo-se introduzir o uso de
complementos nutricionais específicos para evitar carências de vitaminas e de
minerais. A orientação nutricional deverá ser iniciada pelo médico e
nutricionista já no hospital, antes da alta hospitalar.
2º fase – fase
da evolução de consistência: de acordo com a tolerância e as necessidades
individuais, a alimentação vai evoluindo de liquida para pastosa com a
introdução de preparações liquidificadas, cremes e papinhas ralas. A evolução
de cada paciente é variável de forma que a escolha de cada alimento deve ser
acompanhada cuidadosamente para evitar desconforto digestivo como dor, náuseas
e vômitos, esta fase tem um tempo de duração diferente para cada indivíduo
porém, em média, dura em torno de 02 semanas.
3º fase – fase
da seleção qualitativa e mastigação exaustiva: passado o primeiro mês após
a cirurgia, inicia-se uma fase onde a seleção dos alimentos é de fundamental
importância pois, considerando que as quantidades ingeridas diariamente
continuam muito pequenas, deve-se dar preferência aos alimentos mais nutritivos
escolhendo fontes diárias de ferro, cálcio e vitaminas. O paciente deverá
receber um treinamento para reconhecer quais são os alimentos mais ricos neste
nutrientes de forma a ficar mais independente para escolher as principais
fontes de minerais e vitaminas encontradas nas suas refeições diárias. Como a
alimentação passa a ser mais consistente deve-se mastigar exaustivamente. A
duração desta fase também varia individualmente e dura em média 01 mês.
4º fase – fase
da otimização da dieta: nesta fase a alimentação vai evoluindo
gradativamente para uma consistência cada vez mais próxima do ideal para uma
nutrição satisfatória. Geralmente, esta fase ocorre a partir do 3º mês após a
cirurgia quando, quase todos os alimentos começam a ser introduzidos na
alimentação diária. O cuidado com a escolha dos alimentos nutritivos deve
continuar pois, as quantidades ingeridas diariamente continuam pequenas. Nesta
fase o paciente pode ser capaz de selecionar os alimentos que lhe tragam mais
conforto, satisfação e qualidade nutricional. Somente não são tolerados
alimentos muito fibrosos e consistentes.
5º fase – fase
da adaptação final e independência alimentar: esta fase deve acompanhar o
paciente a partir do 4º mês e , como nas fases anteriores, também evolui de
acordo com as características individuais podendo iniciar-se um pouco antes ou
um pouco depois do 4º mês. A partir desta fase, um acompanhamento periódico
faz-se necessário somente para o acompanhamento da evolução de peso e
levantamento de informações para identificar se existem carências nutricionais
como, por exemplo, a anemia. O paciente já tem bastante segurança na escolha
dos alimentos e está apto a compreender quais são os alimentos ricos em
proteínas, glicídios e lipídios, cálcio, ferro, vitamina A, vitamina C, folatos
além de outras propriedades nutricionais.
ALGUNS ASPECTOS
IMPORTANTES
O CONSUMO DE LÍQUIDOS. A rápida perda de peso leva a uma aumento transitório dos níveis
de ácido úrico na circulação. Quando a hidratação não é suficiente poderá haver
formação de litíase renal (pedra nos rins). Por este motivo o consumo de
líquidos deve ser monitorado para evitar que a urina fique muito concentrada.
Mesmo sem sede deve-se
então consumir líquidos?
Sem dúvida. O consumo de
líquidos deve ser constante, independente da sede.
A ESCOLHA DE ALIMENTOS
RICOS EM FERRO. Dentre os
alimentos mais fibrosos e de aceitação mais tardia está a carne vermelha.
Enquanto ela não for introduzida na alimentação, o nutricionista deverá
orientar o paciente sobre outras fontes de ferro presentes na alimentação.
Deve-se escolher
alimentos fontes de ferro para consumo todos os dias?
Sim. O consumo de
alimentos riscos em ferro deve ser constante, principalmente se não for
possível consumir carne vermelha.
A INTOLERÂNCIA AO
AÇÚCAR. O consumo de
alimentos açucarados deve ser evitado por dois motivos: 1º porque o valor
calórico é elevado e 2º, dependendo da técnica cirúrgica, poderá haver Síndrome de dumping. Uma avaliação da tolerância ao açúcar poderá
ser feita desde que acompanhada cuidadosamente pelo nutricionista.
Mesmo o consumo de uma
pequena quantidade de açúcar pode levar à Síndrome de Dumping?
No caso da cirurgia de
Capella sim. Apesar de nem sempre ser assim, às vezes o consumo de 01 bala pode
desencadear o processo.
O RITMO DE
EMAGRECIMENTO. A perda de peso é
muito intensa principalmente durante as duas primeiras semanas após a cirurgia.
O ritmo acelerado de emagrecimento continua a ser observado até o terceiro mês
e , a partir de então, passa a ser mais lento. Este é um processo natural de
adaptação fisiológica que faz com que o organismo passe a gastar menos energia
diariamente para evitar que a perda de peso rápida e permanente leve à
desnutrição e aos conseqüentes riscos à saúde como a queda da resistência à
infecções, desmineralização óssea, dentre outros.
Há alguma maneira de
melhorar o ritmo de perda de peso nesta fase?
A melhor forma é a
atividade física regular. O exercício faz com que o organismo gaste mais
energia, o que ajuda a perder peso, além de trazer uma sensação de bem estar e
relaxamento. Entretanto, deve-se procurar orientação médica para a avaliação do
momento adequado para iniciar o exercício e também para a escolha do melhor
tipo de atividade a ser realizada.
Não seria interessante
também voltar a fazer dieta líquida como nas duas primeiras semanas após a
cirurgia?
Não. Este tipo de
prática nesta fase pode debilitar seriamente o organismo.
A NECESSIDADE DO USO DE
COPLEMENTOS DE MINERAIS E DE VITAMINAS. Toda vez que as calorias
da dieta são inferiores a 1250 Kcal ao dia é necessário complementar vitaminas
e minerais. No caso da cirurgia bariátrica, o valor calórico da alimentação se
aproxima de 350 kcal nas primeiras semanas e continua inferior a 1250 kcal no
mínimo até o sexto mês após o inicio do tratamento. Principalmente durante este
período, a complementação é indispensável.
Os complementos podem
engordar?
Não. Vitaminas e
minerais não produzem calorias.
Que alimentos poderiam
prejudicar a perda de peso?
Um consumo excessivo
semelhante ao anterior à cirurgia não ocorre porque o estômago não pode receber
quantidade elevadas de alimentos. Entretanto, a alimentação em pequenas
quantidades pode Ter um valor calórico alto quando é rica em lipídios
(gorduras). Toda gordura tem um valor calórico elevado independente da fonte
(óleo, azeite, margarina, manteiga) por isto é sempre recomendável evitar o
consumo habitual de receitas que levem gordura na sua preparação.
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